EditorialO assassino silencioso
Edmundo Bragança de Sá Em todo o mundo a saúde humana resulta da ação conjunta dos mesmos fatores de mudança: o envelhecimento demográfico, a urbanização rápida e descontrolada e a globalização de estilos de vida pouco saudáveis. Em consequência disso, as doenças não transmissíveis, como a doença cardiovascular, o cancro, a diabetes mellitus e a doença pulmonar crónica obstrutiva ultrapassaram as doenças infeciosas como as principais causas de mortalidade em todo o mundo. Um dos fatores mais importantes de doença cardiovascular, designadamente de acidente vascular cerebral e enfarte do miocárdio, é a Hipertensão Arterial (HTA). Afeta mil milhões de pessoas, o que representa cerca de um em cada três adultos com 25 ou mais anos, sendo ainda considerada o assassino silencioso e invisível responsável pela morte de nove milhões de pessoas em cada ano. No entanto, a HTA pode ser prevenida e tratada. Por isso, e para assinalar o Dia Mundial da Saúde a 7 de abril de 2013 a Organização Mundial de Saúde (OMS) dedicou o tema à Hipertensão Arterial (HTA). Os objetivos eram • Aumentar a informação sobre as causas da HTA e as consequências nefastas do seu mau controlo • Melhorar a deteção precoce através da realização de rastreios de HTA acessíveis a todos • Promover a autovigilância e incentivar os autocuidados para prevenir a HTA • Incentivar as autoridades nacionais e locais a desenvolverem ambientes favoráveis à adoção de comportamentos e estilos de vida saudáveis A prevenção e o tratamento da HTA, assim como de outros fatores de risco, leva à redução da mortalidade por doença cardíaca. Dessa forma, a pressão arterial aumentada deve ser encarada como um sinal de alerta de que mudanças urgentes do estilo de vida devem ser encetadas: reduzir a ingestão de sal, ter uma alimentação equilibrada, evitar o consumo excessivo de álcool, fazer exercício físico, manter um índice de massa corporal normal e banir o consumo de tabaco. Para além disso, o acesso a medicamentos de boa qualidade efetivos e eficientes, assim como assegurar uma boa adesão à terapêutica são contributos importantes para o controlo adequado da HTA. Os países bem desenvolvidos têm vindo a colaborar de forma ainda mais intensa na prevenção da HTA e de outros fatores de risco de doença cardiovascular através de medidas adicionais de proteção da saúde, como a redução de sal nos alimentos processados, um controlo mais rigoroso na rotulagem dos alimentos, leis restritivas do consumo de tabaco e álcool ou ainda na construção de vias para ciclismo ou marcha na periferia dos centros urbanos. No lado oposto, verifica-se que a prevalência da HTA é mais elevada nos países sub-desenvolvidos atingindo, nalguns países de África, mais de 40%, com taxas crescentes de enfarte do miocárdio e de acidente vascular cerebral. Por ocasião deste Dia Mundial da Saúde, a OMS lançou um breviário sobre HTA e que está disponível em: http://www.who.int/cardiovascular_diseases/publications/global_brief_hypertension/en/index.html A sua leitura pode constituir um ótimo complemento ao simpósio da nossa revista de abril dedicado à Hipertensão Arterial. |