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EditorialMaio-Junho 2018 | Volume 47 — Número 3
Prevenção de doenças cardiovasculares
Rita Ramalho* A Sociedade Europeia de Cardiologia define prevenção cardiovascular como o conjunto de ações dirigidas a um indivíduo ou população e que têm por objetivo minimizar ou eliminar o impacto das doenças cardiovasculares. Este grupo de patologias, como é o caso do enfarte agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral, compartem entre si uma série de fatores de risco. É do nosso conhecimento que alguns destes fatores não são modificáveis, nomeadamente o sexo, a idade e a hereditariedade. No entanto, existem outros fatores de risco que são modificáveis e sobre os quais podemos atuar e aplicar medidas preventivas, sendo esta considerada a forma mais eficaz no combate à doença cardiovascular. Com base nos dados fornecidos pela OMS, as doenças cardiovasculares mantêm-se como a primeira causa de morte no mundo, o que corresponde a 31% do total de mortes a nível mundial. A OMS destaca como “triggers” da doença cardiovascular o consumo de tabaco, o consumo excessivo de álcool, a dieta desequilibrada e o sedentarismo. Este cenário pode ser alterado através da adoção de um estilo de vida saudável e reforçando a vigilância médica nos cuidados de saúde primários que permitirá detetar e tratar precocemente os doentes de alto risco. A título de curiosidade, acrescento que os Estados Unidos lograram reduzir em mais de 40% as mortes por causa cardiovascular e a Finlândia em 80% no sexo masculino através da implementação das medidas preventivas que citarei em seguida. Está demonstrado que a execução de medidas simples e custo-eficazes reduzem o risco cardiovascular, sendo algumas destas estratégias facilmente aplicáveis em qualquer contexto socioeconómico, tais como a cessação tabágica, dieta pobre em gorduras saturadas e rica em vegetais e a atividade física regular adaptada às características de cada indivíduo. Outras medidas, embora mais difíceis de aplicar em países com poucos ou nenhuns recursos de saúde, são o controlo glicémico, da tensão arterial, da colesterolemia e trigliceridemia. O outro nível de intervenção partirá dos governos de cada país. Estes deverão desenvolver políticas de alimentação destinadas a melhorar o estado nutricional da população, aplicar impostos nos alimentos e bebidas não saudáveis, reforçar as restrições na propaganda de álcool e tabaco, ampliar o número de espaços públicos sem fumo de tabaco e promover o desenvolvimento da atividade física mediante a criação de ciclovias, de infraestruturas desportivas, etc. Posto isto, mediante a ação conjunta dos órgãos estatais e dos profissionais de saúde conseguimos expandir a literacia para temas de saúde e, desta forma, criar também responsabilidade no indivíduo e motivá-lo a optar ou manter comportamentos saudáveis. “Mais vale prevenir do que remediar”. Não se trata apenas de sabedoria popular, está comprovado! *Interna de medicina geral e familiar na USF Alfa Beja Bibliografia https://news.un.org/pt/story/2016/09/1563771-oms-lanca-nova-iniciativa-para-combater-maior-causa-de-mortes-no-mundo http://www.who.int/cardiovascular_diseases/en/ European Society of cardiology (ESC) 2016 - Cardiovascular disease prevention in clinical practice (European Guidelines). |