EditorialNovembro 2015 | Volume 44 — Número 4
Unidos pela Diabetes
Isabel Ramôa* Mais um ano volvido e novamente se assinalou o Dia Mundial da Diabetes um pouco por todo o mundo. Em Portugal de norte a sul, para além do dia 14, vai sendo comum, ao longo de todo o mês de Novembro, decorrerem eventos relacionados com a diabetes. Juntam-se profissionais e pessoas com diabetes em espaços de debate e confraternização, onde actividades lúdico-pedagógicas procuram aumentar a adesão a um estilo de vida saudável, a uma alimentação adequada e sem excessos, e ao exercício físico adaptado a cada grupo etário. Todos sabemos que é urgente prevenir novos casos desta patologia que é já um enorme problema de saúde pública. A Federação Internacional da Diabetes, divulgou recentemente que, no mundo um em cada onze adultos tem diabetes, grupo que atinge já os 415 milhões. O Observatório da Diabetes em Portugal, através do seu relatório anual Factos e Números publica as preocupantes complicações agudas e crónicas relativas aos diabéticos que ultrapassam 1 milhão no nosso país. O arsenal terapêutico com novas insulinas e novos fármacos antidiabéticos não insulínicos, aumentou a gama de opções e pretende melhorar o controlo da glicémia. É no entanto necessário conhecer estes novos fármacos para que deles se tire a melhor acção, numa altura em que os consensos internacionais (ADA e EASD), publicam orientações clinicas no sentido da individualização terapêutica consoante o tempo de doença, esperança de vida, risco de hipoglicémia e complicações existentes, nomeadamente cardiovasculares. De entre as complicações tardias da diabetes, a neuropatia periférica, associada ou não à doença vascular, é causa de uma tão grande catástrofe como é a amputação que a sua prevenção é imperativa. Rastrear o risco de úlcera do pé em pessoas com diabetes, pressupõe interrogar, descalçar, observar, avaliar, planificar e educar. Medidas simples com impacto demonstrado, mas muitas vezes não realizadas por se julgarem demoradas num ritmo de trabalho nem sempre adaptado às necessidades. De uma forma sistematizada e organizada o exame ao pé pode ser executado em 3 minutos como é exemplificado num dos artigos do simpósio desta publicação. O número de casos de Diabetes Gestacional está a aumentar, naturalmente com o aumento de prevalência da população em geral, acrescido o facto da mais tardia idade da maternidade. Mais uma vez o rastreio visa a orientação das grávidas para optimização do controlo metabólico, e assim se evitarem complicações materno-fetais. As áreas de actuação nas diferentes fases da vida de uma pessoa com diabetes, pressupõe a existência de equipas de saúde organizadas e eficazes na resposta. A sociedade civil não se deve alhear deste problema promovendo várias formas de prevenção, pugnando por um urbanismo saudável, e pela educação para a saúde com especial ênfase no mundo escolar. Por isso, o simbólico círculo azul se vai espalhando por todo o mundo e mantém forte o espírito desta luta comum – “UNIDOS pela DIABETES”. *Médica Internista (Unidade Coordenadora Funcional da Diabetes da ULS do Baixo Alentejo). Coordenadora da Diabetes no Alentejo. |