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EditorialSetembro-Outubro 2018 | Volume 47 — Número 5
Doenças da memória no idoso
Pedro Augusto Simões* As doenças da memória são um grande leque de patologias que podem ir de simples esquecimentos ou perda de memória de curto prazo até perda de memória profunda ou de longo prazo (ex. demências). As principais causas de perda de memória são: 1. Medicamentos (antidepressivos, anti-histamínicos, ansiolíticos, hipnóticos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, relaxantes musculares, … – muito prevalentes acima dos 65 anos); 2. Álcool, tabaco ou drogas (por alterações a nível cerebral); 3. Privação de sono (tanto a quantidade como a qualidade do sono são importantes para a consolidação da memória); 4. Depressão e stress (devido a alterações na concentração); 5. Deficiências nutricionais (proteínas de alto valor biológico, gorduras, vitaminas B1 e B12); 6. Ferimentos na cabeça (podem causar lesões cerebrais e afetar quer a memória de curto prazo como a de longo prazo); 7. AVC (normalmente causa perda de memória de curto prazo); 8. Demência (sendo a mais comum a doença de Alzheimer); 9. Outras causas possíveis (disfunções tiroideias e infeções como VIH, tuberculose e sífilis que afetam o cérebro). Comummente a doença da memória mais associada à idade é, sem dúvidas, a demência. Contudo ela não faz parte do normal envelhecimento, e é uma das principais causas de incapacidade e dependência na população idosa em todo o mundo. A demência é uma síndrome, geralmente de natureza crónica ou progressiva, causada por uma variedade de doenças cerebrais que afetam a memória, o pensamento, o comportamento e a capacidade de realizar atividades quotidianas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima-se que o número de pessoas que vivem com demência em todo o mundo seja por volta de 50 milhões e que haja cerca de 10 milhões de novos casos todos os anos (cerca de 1 novo caso a cada 3 segundos). Prevê-se então que o número aumente para 82 milhões em 2030 e que o número de casos de demência quase triplicará até 2050. A demência é esmagadora não só para as pessoas que a possuem, mas também para os seus cuidadores e famílias. Há uma falta de conscientização e compreensão da demência na maioria dos países, resultando em estigmatização, barreiras para o diagnóstico e tratamento, o que afeta física, psicológica e economicamente os cuidadores, as famílias e a sociedade. Apesar da doença de Alzheimer ser a forma mais comum de demência e contribuir para 60 a 70% dos casos, existem outras causas como a demência vascular, demência com corpos de Lewy e demência frontotemporal. A OMS reconhece a demência como uma prioridade de saúde pública. Em maio de 2017, a Assembleia Mundial da Saúde aprovou o “Global action plan on the public health response to dementia 2017-2025”, que abrange áreas como: aumentar a consciencialização acerca da demência e estabelecer iniciativas dementia-friendly; reduzir o risco de demência; diagnóstico, tratamento e cuidados; pesquisa e inovação; e suporte para os cuidadores de pessoas com demência. Os principais objetivos para os cuidados de pessoas com demência são: diagnosticar os casos precocemente, otimizar a saúde física, cognição, atividade e bem-estar, detetar e tratar os sintomas comportamentais e psicológicos e fornecer informações e suporte de longo prazo aos cuidadores. Bibliografia https://www.webmd.com/brain/memory-loss#1 http://www.who.int/news-room/facts-in-pictures/detail/dementia *Interno do 2º ano do Internato Médico de MGF. USF Pulsar, ACeS Baixo Mondego, ARS Centro Aluno de doutoramento, Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade da Beira Interior |