EditorialMaio 2014 | Volume 41 — Número 5
Maio – mês do coração, mas não só...
Edmundo Bragança de Sá O mês de Maio é, por iniciativa longínqua da Fundação Portuguesa de Cardiologia, o mês do coração e a Edição Portuguesa da PGM tem-se associado, ano após ano, a esta iniciativa dedicando grande parte dos seus artigos – em forma de simpósio – às doenças cardiovasculares. Este ano o lema das comemorações «Nascido para ser activo» pretende chamar a atenção para a necessidade de sermos ativos todos os dias, não só através do exercício físico mas também participando em atividades na família e na comunidade mantendo contacto com outras pessoas e treinando a memória. Maio é, por excelência, o mês de múltiplas efemérides. Desde o dia 1 (Dia do Trabalhador) a 31 de Maio são comemorados, entre outros, o Dia da Mãe, Dia Internacional da Família (15 de Maio) e ainda o Dia Nacional de Luta contra a Obesidade (penúltimo sábado de Maio). No entanto, quero realçar neste editorial três das efemérides que mais se associam aos assuntos sobre a saúde: Dia 9 de Maio – Dia Europeu da Insuficiência Cardíaca. A insuficiência cardíaca afecta mais de 4% da população acima dos 25 anos e é uma doença progressivamente incapacitante e que nos estádios mais avançados (Classes III e IV da NYHA) se torna difícil de tolerar pelos múltiplos sintomas que a acompanham. O Dia Europeu da Insuficiência Cardíaca enquadra-se bem no lema deste mês de Maio «Nascido para ser ativo» pois é através do exercício físico que se consegue melhorar a capacidade de esforço e de resistência da insuficiência cardíaca. O simpósio deste mês aborda precisamente o diagnóstico e o tratamento da insuficiência cardíaca e, em particular, da insuficiência cardíaca diastólica ou com função sistólica preservada. Dia 19 de Maio – Dia Mundial do Médico de Família. Desde 2010 que a WONCA (Organização Mundial de Médicos de Família) comemora o Dia Mundial do Médico de Família a 19 de Maio. A data pretende realçar o papel dos médicos de família na prestação de cuidados de saúde abrangentes, continuados e centrados nas pessoas e a sua contribuição para o desenvolvimento dos Sistemas de Saúde em todo o mundo. Ao passar esta data saudamos, em particular, os Médicos de Família Portugueses que, em condições muito adversas, têm conseguido melhorar a qualidade dos cuidados no Serviço Nacional de Saúde e onde naturalmente se incluem os programas das doenças cardiovasculares. Dia 31 de Maio – Dia Mundial Sem Tabaco: Aumentar os impostos sobre o tabaco reduz a mortalidade e a morbilidade. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) referem que em cada 6 segundos que passam alguém morre em consequência do consumo do tabaco. Para além da perda pessoal, o tabagismo acarreta custos consideráveis para as famílias, para a economia e para os governos. Os custos estão relacionados não apenas com o tratamento de doenças respiratórias, cardiovasculares e cancerosas, mas também pelo facto de a mortalidade atingir a força laboral no seu auge, afetando a produtividade e a economia do país. Desta forma, a OMS quer chamar a atenção no Dia Mundial Sem Tabaco deste ano para o fato de «aumentar os impostos sobre o tabaco ser a forma mais efetiva de reduzir o seu consumo e de salvar vidas». Os preços elevados do tabaco são particularmente efetivos em encorajar os jovens e os mais desfavorecidos economicamente a reduzirem ou mesmo a cessarem o consumo do tabaco sendo por isso os mais beneficiados com esta medida. Para além disso, a OMS calcula que se todos os países aumentarem os impostos em 50% por maço de tabaco, os governos poderiam encaixar globalmente mais de 100 mil milhões de dólares que deveriam ser utilizados no desenvolvimento de programas sociais e de saúde. A França, por exemplo, ao aumentar os impostos sobre o tabaco no começo dos anos 1990 viu as vendas de tabaco caírem para mais de 50% e alguns anos mais tarde verificou-se o início da redução da mortalidade por cancro do pulmão. Três datas importantes e todas elas relacionadas com o desenvolvimento da luta contra as doenças do coração neste mês a ele dedicado. |