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EditorialNovembro-Dezembro 2019 | Volume 48 — Número 6
Diabetes – passado, presente e futuro
Isabel Ramôa* Neste mês de Novembro, em que no dia 14 se comemora novamente o Dia Mundial da Diabetes, deve ter-se em atenção que isto deve-se ao facto de neste dia se celebrar a data de nascimento de Frederick Banting que, juntamente com Charles Best, descobriram a insulina, em 1922. Esta descoberta representou um grande avanço na Medicina pois veio salvar a vida a milhões de pessoas com o diagnóstico de Diabetes Tipo 1. No entanto, a Comunidade Científica continua agora preocupada com o crescente número de diabéticos do tipo 2. Este outro tipo de Diabetes resulta em grande parte, e reconhecidamente, dos estilos de vida que as sociedades vão adoptando progressivamente. Junta um sedentarismo apetecido, em que vários tipos de máquinas colaboram substituindo-se ao esforço corporal, a uma alimentação desadequada por excessiva versus o gasto energético, e cada vez mais processada, desvirtuando o que de bom a terra nos dá. Tantos como 425 milhões no mundo! Tantos como 1 milhão em Portugal! Novos dados do Observatório Nacional da Diabetes apontam para mais de 600 novos casos de Diabetes por 100 mil habitantes em 2018 no nosso país. E ainda a perda de 8 anos de vida por cada óbito na população com idade inferior a 70 anos. Continua, portanto, a ser fundamental a educação e motivação para a adopção de um estilo de vida saudável e activo que sabemos previne a Diabetes Tipo 2 a qual surge cada vez mais cedo. Esta intervenção deve desenvolver-se nas escolas e é também importante que seja incorporada nas famílias. Por isso, e pelo segundo ano consecutivo, a Federação Internacional da Diabetes relançou o tema “A diabetes e a família” no dia Mundial da Diabetes. Para além do esforço de cada um ao responsabilizar-se pela sua saúde, ano após ano se espera que a ciência traga novidades no combate a esta pandemia. Relativamente à Diabetes tipo 1, novos perfis e modos de administração da insulina, bem como novas tecnologias de monitorização glicémica vão facilitando o seu dia-a-dia. Deseja-se a cura…! No contexto da Diabetes tipo 2 têm os clínicos actualmente um maior número novos fármacos no seu arsenal terapêutico que necessitam diferenciar, quer pelas suas vantagens e desvantagens, quer pelo impacto no controlo metabólico e na prevenção das complicações tardias. Este conhecimento é essencial para o seu uso racional em cada doente, no pressuposto de prescrever um tratamento cada vez mais personalizado e com o indispensável envolvimento do doente para que resulte numa eficaz adesão terapêutica. A presente edição do Postgraduate Medicine publica exatamente um conjunto de artigos que vão de encontro a estas atuais temáticas na diabetes, como o alerta para a alarmante precocidade do diagnóstico da diabetes tipo 2, o incentivo à prevenção e tratamento da Doença Renal Diabética, a apresentação de novos injectáveis insulínicos e não insulínicos bem como a inovação tecnológica para a sua administração e ainda a sistematização da abordagem terapêutica que inclui os novos fármacos, e se apresenta como uma ferramenta de ajuda à decisão com base em evidências científicas no momento presente. O futuro dependerá de todos: grupos sociais, famílias, professores, profissionais de saúde, agentes dos meios de comunicação social, cientistas e investigadores. A sociedade e as suas políticas terão sempre inevitável influência no futuro da saúde dos cidadãos. Espera-se que haja responsabilidade individual e colectiva que ajude a traçar caminhos para uma vida mais saudável e feliz. *Internista,Coordenadora da UCFD da ULSBA Secretária Geral da SPD |