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EditorialMaio-Junho 2021 | Volume 50 - Número 3
Maio, Mês do Coração
José Mendes Nunes Desde há muitos anos, por iniciativa da Fundação Portuguesa de Cardiologia, que maio é o Mês do Coração. Seguindo a tradição, a Postgraduate Medicine dedica a edição de maio/junho aos problemas cardiovasculares. Assim, neste número são abordados temas como as dislipidemias, a doença arterial periférica, o aneurisma da aorta abdominal e a terapêutica hipocoagulante. A dislipidemia é um fator de risco cujo controlo é frustrante quer para clínicos quer para pacientes. Apesar das múltiplas moléculas de que dispomos, a adoção de estilos de vida salutogénicos continua a ser a base e o primeiro passo na abordagem terapêutica. Ainda ao nível da prevenção, os hipocoagulantes sofreram nos últimos anos uma profunda revolução. Partindo de uma única opção, a varfarina durante muitos anos, chegamos a um vasto leque de novos hipocoagulantes. A hipocoagulação na fibrilhação auricular foi um dos primeiros procedimentos com utilidade demonstrada pela evidência científica, mas a decisão de hipocoagular era sempre tomada com muito receio e levou muito tempo a ser implementada na prática clínica. Hoje estamos na situação de não haver receio em iniciar um hipocoagulante, mas o problema desloca-se para o que escolher. Já na abordagem da doença arterial periférica e do aneurisma da aorta abdominal o sucesso depende do diagnóstico precoce nos cuidados de saúde primários (CSP), para além da cirurgia ao nível dos cuidados hospitalares (CH). Estas patologias são paradigmáticas da importância de todos os profissionais de saúde se sentirem e comportarem como fazendo parte de uma equipa, em que cada um se preocupa em criar boas condições para que os outros elementos da equipa tenham sucesso. Ou seja, para que os CH, neste caso a cirurgia, tenham sucesso, é fulcral que haja bons CSP para fazer o diagnostico precoce que permita o melhor êxito cirúrgico. As anafilaxias pela vacinação são raras, mas neste tempo de vacinação em massa como nunca existiu na história da humanidade, o raro pode ser frequente, por isso nos pareceu pertinente abordar este tema. A prevenção da insuficiência renal crónica é uma das preocupações subjacente ao controlo da Diabetes mellitus e na qual os CSP têm enorme responsabilidade. Finalmente, destacamos o artigo de autores nacionais, a propósito de um caso clínico, fazem uma revisão da polimialgia reumática na perspetiva dos CSP. A propósito de maio, que coincide com o início do desconfinamento, desejamos que seja uma oportunidade para promover a atividade física regular, a medida terapêutica que mais se aproxima da panaceia universal. Esperamos que depois de tanta imobilidade pelo confinamento se dê mais valor ao movimento, sobretudo ao ar livre e em comunhão com a natureza. José Mendes Nunes E-mail: [email protected] Professor Auxiliar da NOVA Medical School/Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa Assistente Graduado Sénior da USF Carcavelos (ACeS de Cascais) |