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Editorial

Fevereiro 2015 | Volume 43 — Número 2

A saúde dos portugueses

Edmundo Bragança de Sá


A propósito do Dia Mundial do Doente, celebrado no dia 11 de fevereiro, a Direção-Geral da Saúde publicou um documento disponível em www.dgs.pt no qual publica dados sumários sobre a saúde dos portugueses e a sua evolução nos últimos sete anos. Pela sua importância, permitimo-nos destacar alguns desses dados:
• A taxa de mortalidade infantil por 1.000 nados vivos tem variado entre 3,64 (em 2009) e 2,53 (em 2010) e estima-se que em 2014 se situe entre 2,85 e 2,95 seguindo uma tendência ligeiramente decrescente dos últimos dois anos. Para esta tendência terá contribuído uma elevada cobertura vacinal (>87%) e a introdução de novas vacinas, designadamente a antimeningocócica serogrupo C.
• No entanto, o número de crianças com baixo peso à nascença (<2,5 kg) tem apresentado uma tendência crescente que o documento atribui ao tabagismo e à idade cada vez mais avançada das mães, mas para a qual achamos que não deverão também ser alheias as condições decorrentes da conjuntura socioeconómica e designadamente os maiores índices de pobreza na população.
• Também a mortalidade materna por 100.000 nados vivos é das mais elevadas a nível mundial e tem variado desde 3,82 em 2008, atingindo o seu valor mais elevado de 8 em 2013 .
• A esperança de vida à nascença atingiu os 80 anos em 2011-2013, sendo de 76,91 anos para os homens e de 82,79 anos para as mulheres.
• A mortalidade prematura (antes dos 70 anos) passou de 24,4% em 2008 para 22,6% em 2014, mas a meta no contexto da “Saúde 2020” é de < 20%. As causas de mortalidade prematura são as malformações congénitas nas crianças, os acidentes nos jovens e as doenças crónicas não transmissíveis (doenças cérebro-cardiovasculares e oncológicas) nos adultos jovens.
• As doenças crónicas não transmissíveis, como a diabetes, obesidade, doenças oncológicas, doenças cérebro e cardiovasculares, doenças respiratórias crónicas e doenças psiquiátricas atingiram nos últimos sete anos uma expressão epidémica pelo que constituem um problema de saúde pública. Em particular a Diabetes Mellitus tipo 2 atingiu, em 2013, uma prevalência de 13% afetando mais de um milhão de portugueses, com uma incidência de cerca de 60.000 novos casos por ano.
• Finalmente, no que diz respeito às doenças transmissíveis, Portugal continua a registar uma incidência elevada de VIH/SIDA (13,6 por 100 000 habitantes), que é mais do dobro da incidência na União Europeia (5,7 por 100 000 habitantes). Apesar de tudo, desde o ano 2000 que o número de novos casos notificados tem vindo a descer de forma sustentada, atingindo de forma concentrada os homossexuais masculinos, utilizadores de drogas injetáveis, trabalhadores de sexo, reclusos e migrantes. Em relação à tuberculose o número de novos casos tem vindo a baixar tendo sido em 2013 de 21,1/100 000 habitantes, o que se aproxima de uma situação de baixa endemicidade (<20/100 000)

O simpósio deste mês de fevereiro diz respeito a um problema que há algum tempo não abordávamos na Postgraduate Medicine mas cuja prevalência na Europa é de cerca de 10% dos adultos e que aumenta com o avançar da idade chegando a atingir os 60% aos 80 anos: a Litíase Biliar. Após o seu diagnóstico, a grande dúvida que sempre se coloca é se vale a pena ou não fazer a colecistectomia em particular nos doentes assintomáticos e sem outros riscos de complicações. A este propósito, transcrevem-se algumas considerações feitas nas Normas da World Gastroenterology Organisation http://www.worldgastroenterology.org/assets/downloads/pt/pdf/guidelines/asymptomatic_gallstone_
disease_pt.pdf
• Segundo um estudo italiano (GREPCO) a taxa anual de complicações é de 0,3 a 1,2% se se tratar de litíase biliar inicialmente assintomática ou de 0,7 a 2% se for sintomática.
• O risco de desenvolvimento de neoplasia da vesícula biliar num estudo foi de 0,3% em 30 anos, mas alguns estudos sugerem que o risco poderá ser mais elevado se os cálculos forem maiores que 3 cm. Muitos estudos demonstraram que a colelitíase, especialmente se acompanhada de colonização bacteriana crónica, passa pela sequência de inflamação crónica, metaplasia, displasia e neoplasia.
• A mortalidade geral da colecistectomia varia entre 0,14 a 0,5% dependendo da idade e da comorbilidade que os doentes apresentam. Segundo alguns estudos parece que a colecistectomia está associada a um discreto aumento do risco de cancro do cólon direito em mulheres. Também aumenta o refluxo gastroesofágico e a diarreia em doentes após a colecistectomia.
• Os números do risco/benefício são os seguintes: supondo que de 10.000 doentes com litíase biliar assintomática, 200 desenvolvem complicações agudas em 10 anos, com uma taxa de óbito de 2,5% (5 doentes) e 100 com pancreatite aguda com óbito de 10% (10 doentes), haverá um total 15 doentes que morrem ao longo de 10 anos por complicações da litíase biliar. Contudo, se os mesmos 10.000 doentes forem submetidos a colecistectomia a mortalidade imediata por complicações cirúrgicas poderá ser entre 10 e 50.
Os cinco artigos do simpósio irão certamente dar uma ajuda no esclarecimento das vantagens e desvantagens do tratamento cirúrgico e não cirúrgico da litíase e de outras disfunções da vesícula biliar.
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