EditorialOutubro 2015 | Volume 44 — Número 3
Ambientes urbanos sustentáveis e inclusivos para todas as idades
Edmundo Bragança de Sá O mês de Outubro começa com o Dia Internacional das Pessoas Idosas (http://www.unric.org/en/latest-un-buzz/29901-international-day-of-older-persons-building-cities-for-seniors) proclamado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1990. O tema escolhido para este ano antecipa a terceira Conferência das Nações Unidas sobre Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável (Habitat III), que terá lugar em 2016, e irá focar não só o impacto do novo meio urbano nas pessoas mais idosas, mas também o impacto das pessoas idosas no ambiente do novo meio urbano. Alguns dos factos publicados recentemente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) vêm também ao encontro desta preocupação da ONU (http://www.who.int/features/factfiles/ageing/en/): • A população mundial está a envelhecer rapidamente: entre 2015 e 2050, o número de pessoas com 60 ou mais anos irá crescer de 900 milhões para 2 mil milhões ou por outras palavras passa de 12% para 22% da população total. • Há poucas evidências de que as pessoas idosas de hoje tenham melhor saúde ou menos limitações funcionais graves nas atividades de vida diária que os seus pais. • Os problemas de saúde mais frequentes nas pessoas idosas são as doenças não transmissíveis, designadamente as doenças cardiovasculares e respiratórias. As maiores causas de incapacidade nos idosos são as limitações sensoriais, as dores osteoarticulares, as doenças respiratórias crónicas, as quedas, a diabetes mellitus e a doenças mentais. • Ter saúde na idade avançada não é fruto do acaso. Embora algumas variações na saúde dos idosos possam refletir a sua herança genética, a maior parte dos problemas de saúde resulta do ambiente físico e social onde as pessoas cresceram e vivem atualmente e da influência deste ambiente nos seus comportamentos e oportunidades de vida saudável. • A discriminação das pessoas tendo por base a sua idade, pode ser mais perversa que a discriminação racial ou sexual. Pode minar a qualidade dos cuidados de saúde e sociais que as pessoas idosas recebem. Desta forma, em vez das despesas sociais e de saúde para as pessoas idosas serem encaradas como um encargo para a sociedade, devem antes ser percebidas como um investimento na criação de oportunidades e melhoria das capacidades das pessoas idosas para poderem continuar a dar o seu contributo positivo. • Os sistemas de saúde devem ir ao encontro das necessidades dos idosos, prestando cuidados integrados e centrados na manutenção ou melhoria das capacidades funcionais à medida que as pessoas vão envelhecendo. Devem ser desenvolvidos Cuidados Integrados de Longa Duração que maximizem as capacidades funcionais das pessoas idosas e mantenham a sua autonomia e dignidade. Alguns dos objetivos do Dia Internacional das Pessoas Idosas neste ano de 2015 são (http://undesadspd.org/ageing/internationaldayofolderpersons.aspx): • Chamar a atenção para a disponibilização de serviços em cidades inclusivas para todas as idades, protegendo a dignidade e os direitos fundamentais das pessoas idosas, prevenindo o seu isolamento, abuso e negligência. • Criar oportunidades para a participação das pessoas idosas no planeamento e respostas às suas necessidades em ambiente urbano, de modo a promover e melhorar o acesso a recursos e serviços. • Promover parcerias entre os governos e o sector privado, para disponibilizar habitação e transportes acessíveis, flexíveis, seguros e fisicamente adaptados para as pessoas idosas. • Realçar a importância do contributo da inovação tecnológica para a criação de ambientes cada vez mais inclusivos de todas as idades. • Realçar a importância dos apoios intergeracionais, no contexto das áreas sociais, económicas e culturais dos ambientes urbanos. Associando-se à comemoração deste dia, a edição de Outubro da Postgraduate Medicine dedica um simpósio á avaliação da capacidade funcional dos idosos e de alguns dos problemas que a limitam. |