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EditorialJulho-Agosto 2018 | Volume 47 — Número 4
"Água – a nova Mega Bebida" para este Verão
Edmundo Bragança de Sá A Direcção-Geral de Saúde (DGS) lançou no início deste mês de Julho uma campanha de promoção do consumo de água, como componente essencial para uma alimentação saudável. Sob o tema “Água – A Nova Mega Bebida”, a campanha tem como alvo principal os adolescentes e os jovens e será difundida através das redes sociais e da televisão e conta com a parceria da Associação Portuguesa dos Industriais de Águas Minerais Naturais e de Nascente (APIAM). A água é o principal constituinte do corpo humano compreendendo cerca de 60% do peso no homem adulto, 50 a 55% do peso na mulher adulta e cerca de 75% do peso do recém-nascido. Conforme definido pela European Food Safety Authority (EFSA), a água corporal é a parte líquida do corpo humano distribuída pelos compartimentos intra e extracelular, proveniente da ingestão de água na dieta (água, alimentos líquidos e sólidos) e da água produzida pelo organismo através da oxidação de substratos, e ainda a água das perdas por excreção (urina, fezes, suor) e evaporação (pela respiração e através da pele). Numa dieta normal, 80% da água é obtida sobretudo pela ingestão da água e outras bebidas enquanto que os restantes 20% provêm dos alimentos. A concentração de minerais na água, como o cálcio ou o magnésio, varia bastante dependendo da composição das rochas e dos processos de tratamento das águas. Nas águas engarrafadas, qualquer tipo de mensagem que sugira uma característica que a água não possua é estritamente proibida, assim como a indicação de propriedades atribuídas para a prevenção e tratamento de doenças. No entanto na União Europeia estão autorizadas as indicações de que a água “pode estimular a digestão” ou que “pode facilitar as funções hepatobiliares” ou ainda de que é adequada para a alimentação do lactente. A Comissão Europeia também autorizou publicidade em relação aos benefícios para a saúde resultantes do consumo de água, designadamente as referências de que a água mantém o desempenho das funções cognitivas e físicas normais assim como assegura a regulação da temperatura corporal e previne a desidratação. Para além disso, a Comissão Europeia autorizou que os consumidores sejam informados que devem ser ingeridos diariamente pelo menos dois litros de água de diversas fontes (bebidas ou alimentos sólidos) Baseado em inquéritos nacionais recentes realizados em diferentes países da União Europeia, a EFSA concluiu que a ingestão de água nestes países é inferior ao recomendado. Por exemplo, diversas populações da França, Irlanda, Itália e Suécia consomem menos de 1500 ml de líquidos (bebidas não alcoólicas) por dia e a maioria dos países consome menos de 1000 ml de água por dia. Estes reduzidos consumos de água afetam particularmente os grupos vulneráveis com falta de suporte social e os indivíduos com incapacidades físicas, cognitivas ou mentais. Nos adolescentes, um inquérito alimentar realizado em 2012, por Duffey e colaboradores, concluiu que o consumo de bebidas era de 1611 ml/dia nos rapazes e de 1316 ml/dia nas raparigas. A bebida mais consumida por pessoa era a água (721,5ml/dia), seguida por bebidas açucaradas (227,7 ml/dia) e por sumos de frutas (132,6 ml/d). Neste estudo constatou-se que os rapazes ingeriam mais bebidas açucaradas e as raparigas mais água. É neste contexto que várias organizações de saúde pública publicaram recomendações para promover a ingestão de água em detrimento das bebidas açucaradas e alcoólicas, em especial nas populações mais jovens, com vista à prevenção do excesso de peso e da obesidade. Vários países da União Europeia, incluindo Portugal, têm legislação que promove a acessibilidade a diversas fontes de hidratação, incluindo os bebedouros nos espaços públicos, escolas, locais de trabalho e instituições de saúde. De igual modo, a legislação tende a contrariar o consumo de bebidas com elevado teor de açúcar. Neste esforço para melhorar a hidratação da população e das crianças e jovens em particular, os Médicos de Família assumem um papel fundamental, quer nas consultas periódicas de vigilância de saúde quer nas consultas por doença, no aconselhamento ao consumo adequado de água. Bibliografia https://ec.europa.eu/jrc/en/health-knowledge-gateway/promotion-prevention |