EditorialDia Mundial do Doente
José Augusto Simões* O Dia Mundial do Doente foi instituído pelo Papa João Paulo II a 13 de maio de 1992. Na carta de instituição apresentou os seguintes objetivos para este Dia: • sensibilizar para a necessidade de assegurar a melhor assistência possível aos doentes; • ajudar o doente a valorizar, no plano humano e sobretudo no sobrenatural, o sofrimento; • fazer com que as comunidades cristãs se comprometam com a pastoral da saúde; • favorecer o compromisso cada vez mais valioso do voluntariado; • recordar a importância da formação espiritual e moral dos agentes de saúde; • fazer com que todos quantos vivem e trabalham junto dos que sofrem, compreendam melhor a importância da assistência religiosa aos doentes. A comemoração do «Dia Mundial do Doente», que ocorre a 11 de fevereiro, é este ano subordinado ao tema «Vai e faz tu também o mesmo», em que o Papa Bento XVI propõe à reflexão a figura do «Bom Samaritano» (Lc 10, 25-37). A parábola narrada por São Lucas faz parte duma série de imagens da vida diária, pelas quais procura fazer compreender o amor profundo de Deus por cada ser humano, especialmente quando se encontra na doença e no sofrimento. Ao mesmo tempo, com as palavras «Vai e faz tu também o mesmo» (Lc 10, 37), indica qual é a atitude que cada ser humano deve ter para com os outros, particularmente se necessitados de cuidados. Trata-se, por conseguinte, de viver diariamente uma solicitude concreta por quem está ferido no corpo e/ou no espírito, por quem pede ajuda, ainda que desconhecido e sem recursos. Isto é válido para os profissionais de saúde, particularmente nas atuais condições de crise económica e social. Os Médicos de Família são diariamente confrontados com pedidos de ajuda dos seus utentes, frequentemente não expressos ou disfarçados sob outro qualquer motivo de consulta. O «Exame Periódico de Saúde do Homem Adulto» que faz parte do primeiro simpósio deste novo ano, é sem dúvida um desafio para descobrirmos o que está por trás de um simples pedido de um «check-up». Os homens raramente procuram os serviços preventivos que os Médicos de Família oferecem. Uma das razões é porque esses serviços preventivos dirigidos ao homem não estão tão explícitos e publicitados como no caso das mulheres. Um recente estudo nos Estados Unidos revelou que os homens tinham menos 30% a 60% de probabilidade que as mulheres de participarem num rastreio de hipertensão arterial ou de dislipidémia ou de terem as suas vacinas em dia. De igual modo os homens expressam menos que as mulheres os seus pedidos de ajuda ou de sofrimento sobretudo quando estes se situam no plano psíquico ou espiritual. Pela posição que ocupam, os Médicos de Família têm a obrigação de estar atentos a quem necessita e pede apoio, seja pelo seu problema de saúde, pela idade avançada, pela falta de família ou pela solidão. Faço votos para que neste ano de 2013 possamos todos os Médicos de Família ir verdadeiramente ao encontro daqueles a quem prestamos cuidados, compreendendo o caso concreto da pessoa que necessita de ajuda e procurando soluções eficazes para as suas necessidades físicas e espirituais. Se isso fizermos teremos certamente um feliz 2013. * Médico de Família na USF Marquês de Marialva – Cantanhede. Especialista em MGF, com a Competência em Gestão de Serviços de Saúde, pela Ordem dos Médicos. Mestre em Bioética pela Universidade de Lisboa. Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade de Aveiro. Tutor de MGF de Alunos do 5.o e 6.o da FMUC e 6.o Ano da FCM-UNL. Orientador do Internato Médico de MGF. Presidente da Associação dos Docentes e Orientadores de MGF (ADSO). Membro das Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) e Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP). Bibliografia João Paulo II, Carta de instituição do Dia Mundial do Doente. Editora do Vaticano: 13 de maio de 1992. Bento XVI, Mensagem para o XXI Dia Mundial do Doente – 11 de fevereiro de 2013. Editora do Vaticano: 2 de janeiro de 2013. Heidelbaugh JJ, Tortorello M. The Adult Well Male Examination. American Family Physician, May 15, 2012. |