EditorialAbril 2015 | Volume 43 — Número 4
Segurança alimentar: do prado ao prato, faça comida segura
Edmundo Bragança de Sá O Dia Mundial da Saúde, comemorado como habitualmente no dia 7 de abril, teve este ano como tema a Segurança Alimentar. Com o lema “do prado ao prato, faça comida segura”, a Organização Mundial de Saúde (OMS) quis alertar não só os consumidores mas também os produtores, os fabricantes de alimentos, os retalhistas e os técnicos de saúde, sobre a importância da segurança dos alimentos ao longo de toda a cadeia alimentar e sobre o papel que cada um deles deve desempenhar para que estabeleça uma garantia total de confiança relativamente aos alimentos produzidos, transportados, armazenados, e confecionados, contribuindo todos eles para que exista uma alimentação saudável e isenta de perigos. Pela forma clara e objetiva com que realçam a importância deste tema, transcrevemos dez factos salientados pela OMS: (http://www.who.int/features/factfiles/food_safety/facts/en/index2.html) 1) Os alimentos não seguros e a água contaminada são responsáveis por cerca de 2 milhões de mortes anuais e por mais de 200 doenças cujo espectro vai desde a simples diarreia até às doenças cancerosas. Uma preparação correta dos alimentos pode prevenir grande parte das doenças com origem em alimentos. 2) Os sintomas mais frequentes das doenças com origem em alimentos são a dor abdominal, os vómitos e a diarreia. No entanto, os alimentos contaminados com metais pesados, com poluentes ambientais ou com toxinas de origem na natureza, podem ser responsáveis por doenças crónicas como o cancro ou distúrbios neurológicos. 3) As infeções causadas por comida contaminada têm maior impacto nas populações com saúde mais vulnerável como as crianças, as grávidas, os idosos e os doentes crónicos, podendo ter consequências fatais. 4) A cadeia alimentar é complexa e envolve múltiplas etapas que vão desde a produção, colheita, processamento, armazenamento, transporte e distribuição antes de chegar ao consumidor final. 5) A globalização da produção e comércio dos alimentos torna a cadeia alimentar ainda mais longa e dificulta a investigação dos surtos de doenças com origem alimentar e a eventual recolha urgente dos alimentos em causa. 6) A segurança alimentar é multissetorial e multidisciplinar. Diferentes departamentos governamentais e agências, incluindo a agricultura, a educação, a saúde pública e o comércio necessitam de colaborar e dialogar entre si e com a sociedade civil, assim como com as associações de consumidores. 7) Para além das consequências diretas na saúde pública, a contaminação de alimentos prejudica o turismo, as exportações de alimentos, os postos de trabalho na preparação e processamento de alimentos e de um modo global o desenvolvimento económico do país. 8) A utilização excessiva e incorreta de antimicrobianos na agricultura e na criação de animais é um dos fatores responsáveis pela emergência e difusão de estirpes bacterianas resistentes aos antibióticos. Estas estirpes desenvolvidas em animais podem ser transmitidas ao ser humano através dos alimentos. 9) A segurança alimentar é uma responsabilidade partilhada entre os governos, a indústria alimentar, os produtores, os cientistas e investigadores e os próprios consumidores. Alcançar a segurança alimentar exige um esforço multissetorial que envolve especialistas em diversas áreas como a toxicologia, microbiologia, parasitologia, nutrição e a medicina humana e veterinária. 10) Os consumidores devem estar bem informados sobre práticas alimentares seguras designadamente sobre o armazenamento e confeção de alimentos e fazerem escolhas de alimentos saudáveis, utilizando para tal as indicações nos rótulos dos alimentos. Também o transporte dos alimentos deve ser efetuado em recipientes ou sacos separados tendo o cuidado de não misturar alimentos crus com alimentos já confecionados ou com outros artigos de mercearia. |