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EditorialMaio-Junho 2016 | Volume 45 — Número 3
Diabetes e Risco Cardiovascular
Isabel Ramôa* A Doença Cardiovascular é a principal causa de morbimortalidade e de morte prematura a nível mundial. De entre os factores de risco modificáveis e independentes estão, desde há muito perfeitamente identificados, a diabetes mellitus, a dislipidémia, a hipertensão arterial e o tabagismo, sabendo-se que, quando associados, têm um efeito multiplicativo. O conhecimento destas entidades individuais é importante, mas é fundamental a abordagem holística de cada doente que permitirá identificar melhor o risco global cardiovascular, o que condicionará intervenções com diferentes objetivos, por vezes bem exigentes. Este ano, no Dia Mundial da Saúde em 7 de abril de 2016, o tema escolhido pela Organização Mundial da Saúde foi o combate à Diabetes, dado que é uma doença que tem crescido no mundo de forma epidémica atingindo já os 378 milhões de pessoas e abrangendo os muito populosos países em desenvolvimento. No entanto, este número será certamente muito superior já que nem todos os diabéticos estão identificados, estimando-se que cerca de 46,3% estejam nesta situação. Por altura destas comemorações, foi publicado pela OMS, o 1.º Relatório Mundial sobre a Diabetes. Em Portugal esteve presente Vytenis Andriukaitis, Comissário Europeu para a Saúde e Segurança Alimentar, e que com base no referido relatório afirmou: “Com 24% dos adultos a sofrerem de obesidade e 59% em situação de excesso de peso, não é de admirar que Portugal tenha uma das taxas mais elevadas de diabetes da União Europeia (UE), e que a mortalidade provocada pela diabetes seja quase o dobro da média da UE.” Os dados que anualmente são publicados pelo Observatório Nacional da Diabetes já têm vindo a sensibilizar profissionais, organizações e governos, e têm contribuído para o desenvolvimento de estratégias no combate a esta doença, que é reconhecidamente passível de ser prevenida. É disso exemplo o projeto “Não à Diabetes”, desenvolvido pela Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal e que pretende sensibilizar a população portuguesa para a diabetes e promover a adoção de estilos de vida saudáveis em parceria com os municípios e suas redes sociais, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, da Campanha Nacional STOP Diabetes e a DGS. Medidas simples como manter um peso corporal normal, actividade física regular, e uma alimentação saudável reduzem eficazmente o risco de diabetes. Os serviços de saúde também têm sido estimulados no sentido de melhor gerirem o controlo das pessoas com diabetes evitando a carga de complicações tardias. E é com esta gestão do risco global que se pode reduzir o risco de complicações macrovasculares que são o tema principal desta edição da Postgraduate Medicine. Por tudo o que foi dito, o esforço tem que ser concertado e desde a sociedade civil, aos sistemas de saúde e a cada pessoa individualmente, todos terão que continuar a lutar em torno deste problema, construindo círculos azuis de saúde e esperança – Unidos pela Diabetes! *Médica Internista (Unidade Coordenadora Funcional da Diabetes da ULS do Baixo Alentejo). Coordenadora da Diabetes no Alentejo. |