EditorialLiberte-se do tabaco!
Edmundo Bragança de Sá Esta é a mensagem da Organização Mundial de Saúde (OMS) ao assinalar o «Dia Mundial Sem Tabaco» a 31 de maio de 2013. De acordo com os dados desta organização o consumo do tabaco continua a ser a principal causa modificável de incapacidade, morbilidade e mortalidade, em particular por doença cardiovascular e respiratória. A epidemia do tabagismo mata cerca de seis milhões de pessoas em cada ano, das quais cerca de 600 000 são não fumadoras, mas vítimas do fumo passivo. Cerca de 80% dos mais de mil milhões de fumadores em todo o mundo vivem em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, onde a morbilidade e mortalidade relacionadas com o tabaco se tornam ainda mais pesadas. Isto porque aumentam os custos de saúde e os fumadores que morrem precocemente privam as suas famílias dos seus rendimentos e atrasam o desenvolvimento económico do país. Para além disso, em alguns desses países, as crianças que são empregadas em plantações de tabaco para conseguirem algum sustento para as suas famílias, tornam-se especialmente vulneráveis à «doença do tabaco verde» que resulta da absorção cutânea da nicotina através da manipulação das folhas de tabaco molhadas. Intervir de forma efetiva e atempada pode proteger as gerações presentes e futuras não só das consequências devastadoras para a saúde, mas também do flagelo social, ambiental e económico resultante do consumo do tabaco e da exposição passiva ao seu fumo. Uma das possíveis intervenções é realçada no tema escolhido para o Dia Mundial Sem Tabaco deste ano de 2013: Proibir a Publicidade, a Promoção e o Patrocínio do Tabaco. Este objetivo, já inscrito no artigo 13.º da Convenção Quadro para o Controlo do Tabagismo (2003), visa incentivar os Governos dos países a impedir de forma abrangente toda a publicidade, promoção e patrocínios da indústria tabaqueira para que cada vez menos pessoas se sintam incentivadas a iniciarem ou continuarem a consumir tabaco. Por outro lado, a OMS com esta iniciativa pretende também reunir todos os esforços locais, nacionais e internacionais para consigam neutralizar, de forma eficaz, as permanentes e sofisticadas campanhas que a indústria tabaqueira leva a cabo para minimizar e ultrapassar as disposições legais de controlo que são feitas em vários países contra a publicidade do tabaco. Também a Postgraduate Medicine se quis associar a esta efeméride e, propositadamente, foi selecionado para publicação neste número um adequado artigo sobre o papel ativo que os Médicos de Família podem ter na deteção e aconselhamento no tabagismo, mormente através da estratégia dos 5 «A»s. Ambas as intervenções estão contempladas no Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo 2012-2016 da Direção-Geral da Saúde. Este programa possui três eixos estratégicos nucleares – prevenção da iniciação do consumo, promoção da cessação tabágica e proteção da exposição ao fumo ambiental – e dois eixos de intervenção transversal orientados para a informação, educação, avaliação, formação e investigação no domínio da prevenção e controlo do tabagismo. No âmbito do eixo estratégico relacionado com a promoção da cessação tabágica, realça-se o objetivo de aconselhar para a cessação tabágica com recurso a uma intervenção breve: • A pelo menos 50% dos fumadores observados nos últimos 3 anos • A 100% dos fumadores com DPOC observados anualmente • A 100% das grávidas fumadoras seguidas anualmente. O artigo «Promoção da Cessação Tabágica» incluído no simpósio sobre Risco Cardiovascular, bem como os «Conselhos aos Doentes» no final da revista, constituem boas ajudas para o cumprimento desta norma da Direção-Geral da Saúde pelo que aconselhamos vivamente a sua leitura atenta. |