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EditorialMarço-Abril 2024 | Volume 53 - Número 2
Patologia respiratória: causa subvalorizada de multimorbilidade?
Catarina Moita Esta segunda edição do ano é dedicada às doenças respiratórias. Estas são classicamente distinguidas em infeciosas e não infeciosas, sendo que as de carácter crónico constituem principais causas de mortalidade, morbilidade e elevados encargos sociais e económicos. De acordo com a OMS(1) estima-se que cerca de 400 milhões de pessoas em todo o mundo sofram de asma e de doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) ligeiras a moderadas. Além disso, a rinite e sinusite são condições inflamatórias das vias respiratórias superiores que igualmente impactam negativamente a qualidade de vida(2) e constituem motivos de consulta nos cuidados de saúde primários nesta altura do ano. Estes factos pautaram a constituição do simpósio que apresentamos. Neste número, um artigo aborda a distinção entre asma e DPOC com exemplos de casos clínicos e a sobreposição destas duas patologias, nem sempre de fácil diagnóstico e abordagem. Incluímos uma revisão da terapêutica inalatória no tratamento da DPOC, abrangendo a correção da técnica inalatória, a escolha de inalador e moléculas adequadas a cada doente. Revemos também a rinite alérgica e a rinossinusite crónica, entidades altamente prevalentes globalmente, com várias recomendações para a prevenção, diagnóstico e tratamento neste contexto. Dois dos artigos versam sobre vírus sincicial respiratório; este patogénio é a causa viral mais comum da bronquiolite em idade pediátrica, a qual é a infeção do trato respiratório inferior mais frequente em crianças com menos de cinco anos. A revisão apresentada sobre bronquiolite inclui a sua epidemiologia, prevenção, diagnóstico e tratamento. Em concreto, a prevenção desta doença tem conhecido desenvolvimentos significativos com a disponibilização de anticorpos e vacinas, e é sobre estas últimas que incluímos as recomendações do Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP) que abarcam a prevenção quer em idade pediátrica, quer para adultos, não esquecendo a vacinação pneumocócica e da gripe. Nesta edição é ainda apresentado um caso clínico de Síndrome de Frey em idade pediátrica, entidade rara e confundida habitualmente com alergia alimentar, no contexto do qual é incluída uma revisão do tema. Esperamos que os artigos selecionados sejam úteis para a prática clínica dos nossos leitores. Boas leituras! Referências bibliográficas 1. World Health Organization https://www.who.int/gard/publications/The_Global_Impact_of_Respiratory_Disease.pdf 2. Eli O. Meltzer, Don A. Bukstein, The economic impact of allergic rhinitis and current guidelines for treatment, Annals of Allergy, Asthma & Immunology, Volume 106, Issue 2, Supplement, 2011, Pages S12-S16, https://doi.org/10.1016/j.anai.2010.10.014. |