EditorialNovembro 2014 | Volume 42 — Número 4
O Dia Mundial da Diabetes e o Círculo Azul
Isabel Ramôa Mais um ano volvido e de novo se assinalou, um pouco por todo o mundo, o Dia Mundial da Diabetes porque na verdade se trata de um problema mundial. Tem-se verificado um crescimento desta patologia em todos os países, evidenciando-se uma maior expressão nos países de baixo e médio rendimento. A Federação Internacional da Diabetes (IDF), que desde 1991 comemora este dia, liderou em 2007 a criação de um símbolo que se difundisse de modo simples pelo mundo, e se associasse ao dia Mundial da Diabetes, que nesse ano se tornou oficial para a Organização das Nações Unidas, com a aprovação da Resolução 61/225, que reconhecia a diabetes como “doença crónica, debilitante e onerosa” que podia “comprometer a obtenção de objetivos de desenvolvimento acordados internacionalmente.” Hoje já facilmente reconhecemos o círculo azul a simbolizar a união pela diabetes. O azul do céu e da vida é também a cor da bandeira das Nações Unidas. Em Portugal, depois do estudo Prevadiab realizado em 2009, em que a taxa de prevalência padronizada de diabetes verificada em pessoas entre os 20 e os 79 anos foi de 11,7%, desenvolveu-se uma nova consciência da real dimensão do problema, visto que anteriormente, o número estimado após o Inquério Nacional de Saúde 2005/2006 era de 6,5%, e extrapolava-se para 2025 uma prevalência de 8%, afinal muito antes ultrapassada. Em 2013 segundo o Observatório Nacional da Diabetes essa prevalência atinge os 13%. A IDF estima que atualmente existam 382 milhões de pessoas com diabetes no mundo, e cerca de metade não estarão diagnosticados. A maior parte dos casos de diabetes tipo 2 pode ser evitado através de estilos de vida saudáveis e ambientes que incentivem e facilitem o comportamento saudável. Este ano a campanha internacional tem como lema “Vida Saudável e Diabetes” e as mensagens focam-se na forma de tornar fácil a escolha saudável dos alimentos, e portanto dotar as pessoas da correta informação para que possam tomar as decisões certas sobre o que comem. E com base num erro, que afinal não é só dos portugueses, a campanha mundial valoriza especialmente a necessidade de começar o dia com um pequeno-almoço saudável. Neste contexto uma palavra de apreço aos Nutricionistas, infelizmente poucos para a abrangência da sua importante intervenção, e que vejo com criatividade combater mitos e contribuir para a mudança. Desde há muito tempo que os profissionais de saúde que lidam com a diabetes defendem a necessidade da multidisciplinaridade na sua abordagem, dada a diversidade de problemas de diferentes especialidades que podem surgir no percurso de vida de uma pessoa com diabetes. A criação das Unidades Coordenadoras Funcionais de Diabetes em Portugal tem como objetivos a gestão e integração dos Cuidados Primários e Hospitalares necessários para estes doentes, e a colaboração da Saúde Pública como observatório local para adequação dos mesmos. O círculo azul vai crescendo, numa rede de cuidados que se alarga e envolve as pessoas com diabetes. O passo seguinte é engrossar este círculo com mais profissionais e mais horas alocadas a estes cuidados, mais educação, mais literacia, mais comunicação, mais solidariedade, mais sociedade civil… Unidos pela Diabetes! *Responsável pela Unidade Coordenadora Funcional da ULSBA Coordenadora Regional para o PND no Alentejo |