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EditorialJulho-Agosto 2023 | Volume 52 - Número 4
Saúde da Mulher
Teresa Ventura Condições biológicas, sociais e comportamentais resultam em diferenças de género na suscetibilidade, nos sintomas da doença e na resposta ao tratamento em muitas áreas da saúde. Em Portugal, como em quase todo o mundo, as mulheres vivem mais anos, em comparação com os homens. Apesar disso, as mulheres preocupam-se mais, dão mais atenção ao corpo, têm mais queixas e problemas de saúde e percecionam pior bem-estar, pelo que utilizam mais os serviços de saúde do que os homens. O simpósio desta edição foca alguns problemas específicos da saúde da mulher, designadamente “Síndrome do ovário poliquístico: Perguntas e respostas frequentes” e “Quais são os melhores medicamentos para as menorragias?”. É igualmente publicado um outro que envolve uma situação mais frequente nas mulheres sobre “Implantes mamários: Perguntas e respostas frequentes”. O quarto artigo do simpósio, “Cuidados da mulher ativa”, embora se refira a uma situação comum aos dois sexos – a necessidade da atividade física – revela as especificidades existentes no que respeita às mulheres nomeadamente quanto aos seus fatores de risco, desenvolvimento de problemas de saúde e apresentação desses problemas, trazendo também múltiplos benefícios, alguns também exclusivos das mulheres. As “Orientações Clínicas” desta edição versam sobre tratamentos de infeções sexualmente transmitidas. Estas infeções, afetando ambos os sexos, têm consequências potencialmente graves para mulheres e crianças, por transmissão vertical (da mãe para o filho), levando a desfechos negativos, de que são exemplos nados-mortos, mortes perinatais ou doença inflamatória pélvica indutora de infertilidade. Conforme realçam estas orientações, os médicos de família podem reduzir as taxas de infeção discutindo a história sexual com os seus utentes, requisitando testes de rastreio, prescrevendo os tratamentos corretos e colaborando com a Saúde Pública. Em Portugal, existem procedimentos preconizados nas situações de doenças de declaração obrigatória, como o são, entre outros, a sífilis, a gonorreia, as hepatites A e B ou a infeção HIV ou SIDA. A notificação destas doenças através do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE) conduz à realização de um inquérito epidemiológico, com o fim de descobrir a origem da doença e eventualmente tomar medidas que impeçam o aparecimento de novos casos e a reinfeção. Sabendo-se da subnotificação destas doenças, por falta de tempo ou por alguns médicos encararem a notificação como “burocracia”, uma maior articulação entre a Saúde Pública e as demais instituições de saúde poderia levar a uma maior sensibilização dos médicos para a sua importância na prevenção e controlo destas doenças. Extrassimpósio, publicamos um artigo sobre hipotensão ortostática, onde é sublinhado que a hipotensão ortostática não é uma doença específica, decorrendo antes de várias condições, e que este distúrbio do controlo hemodinâmico postural aumenta o risco de doença cardiovascular e mortalidade por todas as causas. |