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EditorialJaneiro-Fevereiro 2018 | Volume 47 — Número 1
Prevenção da perda de visão e da cegueira
Edmundo Bragança de Sá De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10) a capacidade visual pode ser classificada em quatro categorias: Visão normal, perda de visão moderada, perda de visão grave e cegueira. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) 253 milhões de pessoas em todo o mundo têm perda de visão, das quais 36 milhões estão cegas e 217 milhões têm perda de visão moderada a grave. Mais de 80% destas pessoas têm idade igual ou superior a 50 anos. Globalmente, as principais causas de perda de visão são as doenças crónicas do olho, designadamente os erros de refracção não corrigidos (53%), as cataratas não operadas (25%), a degenerescência macular relacionada com a idade (4%), o glaucoma (2%) e a retinopatia diabética (1%). A prevalência de doenças infeciosas do olho, como o tracoma (causada pela Clhamydia Trachomatis) e a oncocercose (cegueira dos rios) têm vindo a decrescer de forma significativa ao longo dos últimos anos. As pessoas em maior risco são as que têm idade igual ou superior a 50 anos (mais de 80% dos casos de cegueira e de perda moderada a grave de visão) mas, ainda assim, cerca de 19 milhões de crianças têm perda de visão das quais 1,4 milhões apresentam cegueira irreversível. Dado o crescimento e envelhecimento da população, as estimativas apontam para que o número de pessoas com cegueira ou perda moderada ou grave da visão triplique nos próximos 30 anos. No entanto, mais de 80% de todas as perdas de visão podem ser prevenidas ou curadas. Para chamar a atenção dos governos e das pessoas para este problema a OMS estabeleceu o dia 12 de Outubro como o Dia Mundial da Visão. O plano de ação global “Universal Eye Health”, aprovado pela Assembleia Mundial de Saúde em 2013, tem como objetivo de até 2019 reduzir em 25% as perdas de visão evitáveis através de programas nacionais de prevenção e controlo da perda de visão, aumento da disponibilidade dos serviços oftalmológicos de elevada qualidade e integrados nos cuidados de saúde primários e secundários, assim como campanhas de educação sobre os cuidados a ter com a visão (incluindo a protecção ocular do sol e nos locais de trabalho). A redução significativa das perdas de visão por doenças infeciosas é já um sinal de que tem havido progressos importantes na prevenção e cura das perdas de visão em muitos países. Na primeira edição deste ano da Postgraduate Medicine dedicamos um simpósio de três artigos às doenças oculares onde se realça o papel do Médico de Família na deteção e encaminhamento precoces de problemas oculares cujo tratamento atempado pode evitar a progressão para a perda irreversível da visão. O Médico de Família tem ainda um importante papel na manutenção da adesão à terapêutica pois tratando-se de situações que, quando dão sintomas já a doença está avançada e com lesões oculares irreversíveis, há uma tendência elevada para os doentes autossuspenderem a terapêutica. Bibliografia: http://www.who.int/blindness/world_sight_day/2017/en/ |